A
água x bebidas isotônicas
Entenda os conceitos de dissolução e solvatação e
compare a água, o solvente universal, aos isotônicos
ELISABETE ROSA
É comum
nos depararmos com pessoas com garrafas de água em ambientes públicos, parques,
nas ruas, mas é também muito comum verificarmos em supermercados uma variedade
de bebidas isotônicas, que, muitas vezes, são indicadas, por meio de
propaganda, para hidratação corpórea.
Esclareça
a seus alunos sobre algumas das funções básicas da água: conhecida como
solvente universal, a água é uma molécula capaz de dissolver inúmeras
substâncias, porém nem todas. Demonstre a seus alunos a dissolução de uma
pitada de sal de cozinha em um copo de água. Faça uma agitação do sal na água e
demonstre como o sal no estado sólido deixa de ser visto.
O nosso
organismo quando ingerimos algo salgado, pois precisamos de água para dissolver
esse sal. Se a pessoa não ingerir água, o sal atrai a água dos nossos órgãos,
deixando-os desidratados, assim como a nossa pele e até a cartilagem entre os
ossos, provocando a falta de lubrificação e até mesmo a dor.
Por que
sentimos sede? Com certeza vão conseguir explicar que é devido à necessidade do
sal se dissolver no organismo. Se ele não encontrar água o suficiente, começa a
retirar a água dos órgãos, da boca e aí vem a sensação de sede.
Além de
dissolver nutrientes, sais minerais e outros compostos importantes, a água
colabora no transporte dessas substâncias para todo o corpo garantindo as
condições estáveis do meio interno, conhecida como homeostase.
Na
homeostase térmica, a água faz o controle da temperatura corpórea mantendo-a
estável. Na homeostase hídrica, a água ingerida mantém sua presença na
composição interna e externa das células, no plasma, nas secreções, no líquido
espinhal etc.
Mas qual
é a composição da água? Ela é pura? Não, a água que ingerimos não é totalmente
pura. Ela vem de rochas, de fontes naturais, de estação de tratamento de água
e, portanto, possui muitas substâncias dissolvidas. Tais substâncias estão em
baixa concentração, isto é, baixa quantidade em massa.
Peça a
seus alunos para que leiam o rótulo de frascos de água mineral de marcas
diferentes. Vão perceber que há água rica em cálcio, sódio e outras contendo
magnésio, potássio, cloretos, carbonatos etc.
Compare
o rótulo de um isotônico com um frasco de água de coco. Perceberão que algumas
substâncias se repetem. Lembre-os de que o termo isotônico para bebidas
significa uma solução que foi desenvolvida industrialmente para ficar parecida
com a quantidade de sal que temos de ter no organismo.
Muitas
indústrias tentam similaridade com o rótulo da água de coco, um produto natural
também rico em compostos solúveis na água. Nos rótulos dos isotônicos vão
perceber que a diferença entre os demais rótulos é também a presença do açúcar,
utilizado na fórmula para repor energia.
Peça
ainda que verifiquem as quantidades indicadas nos rótulos, que na água mineral
as quantidades em massa são menores e a variedade é muito maior.
Agora,
motive-os a pensar na fonte de sais minerais e outras substâncias químicas que
ingerimos no café da manhã, no almoço, no lanche, nos sucos etc. ao longo de todo
o dia. Pergunte: precisamos de mais sais minerais oriundos de bebidas
isotônicas? Como o nosso corpo reage aos excessos de alguns sais?
Primeiramente,
devemos pensar que os sais que naturalmente ingerimos precisam da água para
dissolvê-los dentro do organismo. Imagine a sede após comer um bacalhau.
Precisamos de muita água para a dissolução do sal contido no peixe.
Um sal
de cloreto de sódio, por exemplo, quando em água, tem seus inúmeros íons de
sódio e de cloreto separados. A separação ocorre devido às moléculas de água
com seu lado negativo, lado do átomo O (oxigênio) atrair o lado positivo do
cristal iônico, que é o sódio. Várias moléculas de água ficam ao redor de cada
íon sódio, mantendo-o separado do cloreto.
Já o
lado positivo da molécula da água, o lado dos hidrogênios, se aproxima do íon
negativo, o cloreto, e várias moléculas de água ficam ao seu redor, impedindo-o
de se aproximar do sódio. Os íons tentam se aproximar, mas a água não permite.
Daí a dissolução do sal. Essas moléculas de água ao redor de cada íon formam as
coroas de solvatação. Para cada íon são várias moléculas de água. Se ingerirmos
muitas bebidas carregadas de sais somados aos sais provenientes da nossa
alimentação, quem vai solvatar os íons? Precisaremos de mais água para que essa
possa fazer a coroa de solvatação ao redor dos íons afinal, somente solvatados
vão entrar na corrente sanguínea para serem distribuídos pelas células,
portanto, a água dissolve os sais antes que estes retirem água do próprio corpo
humano.
Naturalmente,
por meio da alimentação, já temos os sais necessários para o organismo e, mesmo
perdendo sais e água em atividades físicas através da pele, no suor, notamos
que a própria água de torneira ou mineral, com a presença de muitas substâncias
químicas, é capaz de repor as necessidades corpóreas.
Em caso de uma grave desidratação, perda de muita
água e sais minerais, é necessária a orientação médica para saber qual a melhor
maneira de repor e controlar a desidratação de forma rápida e eficaz.