terça-feira, 20 de agosto de 2019

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Salvador recebe conferência climática sem representantes do governo federal
Evento reúne governos da América Latina para troca de experiências sobre adaptação às mudanças do clima
Ana Carolina Amaral
Realizada pela agência de mudanças climáticas da ONU em parceria com o governo brasileiro, a conferência Climate Week, Semana Climática da América Latina e Caribe, começa na manhã desta segunda-feira (19) em Salvador sem contar com representação do governo federal. 
Dividem a mesa de abertura do evento o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), o secretário municipal de sustentabilidade, André Fraga, o embaixador da Holanda, Kees van Rij, o primeiro-secretário da embaixada da Alemanha, Lutz Morgenstern e o diretor agência de mudanças climáticas da ONU (UNFCCC), James Grabert.
“Nós estamos aqui graças ao prefeito ACM Neto”, disse Fraga na abertura do evento. 
“Afirmei que Salvador fazia questão de sediar e que a prefeitura iria mobilizar todos os esforços e todos os recursos para realizar a conferência. E aqui estamos”, afirmou ACM Neto. 
“Precisamos superar as discussões ideológicas e partidárias porque esse é um tema que interessa a todos”, acrescentou o prefeito.
Em maio, a conferência chegou a ser cancelada pelo Ministério do Meio Ambiente, responsável por sediar o evento. O ministro Ricardo Salles havia comunicado à ONU que o Brasil não receberia o evento. Ele recuou da decisão, no entanto, por insistência de ACM Neto. 
Na abertura da Climate Week, ACM Neto, prefeito de Salvador, o diretor agência de mudanças climáticas da ONU (UNFCCC), James Grabert, o diretor regional da C40, Manuel Oliveira, e o embaixador da Holanda, Kees van Rij; em pé, o secretário de sustentabilidade de Salvador, André Fraga. - Max Haack/Secom PMS antecessor de Salles, o ex-ministro do Meio Ambiente Edson Duarte também participa do evento. Reconhecido por ter negociado para que a conferência acontecesse no Brasil, foi aplaudido na abertura do evento. 
Em encontro de ex-ministros em maio, Duarte havia afirmado que Salles se recusou a receber informações do antecessor para a transição de mandato. Segundo servidores da pasta, o atual ministro foi pego de surpresa ao descobrir realização da conferência. 
“Nós quase levamos uma COP”, lembrou o secretário André Fraga, em referência à COP-25, conferência da ONU voltada à negociação do Acordo de Paris e que aconteceria no Brasil no próximo dezembro, mas foi cancelada pelo governo federal ainda em novembro do ano passado, em um pedido de Bolsonaro a Temer. 
Apesar da ausência de representação no palco principal, servidores dos ministérios do Meio Ambiente e do Itamaraty participam de discussões técnicas ao longo do dia. 
Em uma das reuniões sobre precificação de carbono (ou seja, como atribuir um preço à emissão de gases causadores do efeito estufa, como aqueles emitidos na queima de combustíveis), uma representante do Ministério da Economia defendeu a regulamentação desse mercado no país.
"As pessoas não estão interessadas em novos impostos. Hoje, o governo vê o mercado de carbono como uma alternativa mais viável para se precificar o carbono [do que a taxação]", disse a coordenadora geral de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, Ana Luiza Champloni.
Com 5.000 inscritos, o evento tem o objetivo de discutir a implementação regional das metas do Acordo de Paris, trocar experiências e promover negócios que apoiem a redução de emissões de gases-estufa. 
Ao longo do ano, também foram organizadas semanas climáticas regionais na Ásia e na África.
A multiplicidade de eventos climáticos acontece em um contexto de urgência climática e busca convocar os países a aumentar a ambição das metas do Acordo de Paris, que são determinadas por cada nação. 
As metas anunciadas por cada país em 2015, na assinatura do acordo, não são suficientes para conter os efeitos mais desastrosos do aquecimento global e ainda levariam o mundo a um cenário de aquecimento superior a 3°C até o final do século. 

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