segunda-feira, 13 de março de 2017

O assédio e a violência de gênero

O assédio e a violência de gênero
O assédio contra mulheres em transportes coletivos reafirma o espaço público como reprodutor da violência de gênero
CARLA CRISTINA GARCIA

O primeiro deles foi a divulgação da pesquisa Chega de Fiu Fiu – Uma campanha contra o assédio sexual em espaço público, organizada pelo site Think Olga, em 2013.
Foram entrevistadas 7.762 mulheres, e 99,6% delas declararam já ter sofrido algum tipo de assédio sexual nesses ambientes.
Alguns números revelados pela pesquisa Chega de Fiu Fiu dão a dimensão do cenário vivido pelas mulheres nos espaços públicos. Aqui destacamos alguns que servirão de embasamento para a discussão no decorrer do texto.
Uma das perguntas era: “Onde você já recebeu cantada?”; 98% responderam na rua; 64% no transporte público (guarde este número), 33% no trabalho, 77% na balada, e 80% em parques, shoppings e cinemas (na pesquisa as entrevistadas puderam escolher mais uma de opção).
Na sequência, a pesquisa perguntou: “Você acha que ouvir cantada é legal?”; 83% disseram não, 17% responderam sim. Ou seja, a imensa maioria das mulheres não gosta de ouvir cantadas quando caminham pelas ruas.
Esse dado revela outro, assustador: 81% das entrevistadas revelaram já ter deixado de fazer alguma coisa por medo de serem assediadas pelos homens.
E mais triste ainda: 90% das participantes revelaram que já deixaram de usar roupa decotada por medo de sofrer algum tipo de assédio.
Esse resultado da pesquisa Chega de Fiu Fiu nos remete ao estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Aplicadas (Ipea), cujos dados, após a correção de um erro na divulgação do estudo, mostram que cerca de 26% dos entrevistados declararam que “mulheres com roupa curta merecem ser atacadas”.
Trata-se de um número assombroso, pois representa um quarto da população brasileira.
Logo, 50 milhões de pessoas debitam nas mulheres a culpa pelos assédios sexuais sofridos nos espaços públicos.
Ainda de acordo com a pesquisa, 58,5% dos entrevistados acreditam que “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupro”.
Portanto, se a mulher é cantada na rua, assediada no transporte público e, no caso mais grave, estuprada a culpa é dela. Os números de ambas as pesquisas são ainda mais terríveis quando pensamos no contexto político em torno das políticas às mulheres nos últimos 15 anos.
As mulheres serem vítimas de assédio sexual no transporte não é novidade
O assunto, porém, ganhou repercussão nacional quando os meios de comunicação noticiaram uma série de casos ocorridos no metrô de São Paulo.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, cem mulheres fizeram denúncias em 2013, após serem vítimas de assédio sexual em ônibus, metrô e trens da capital paulista.
Em 2014, já foram registrados 26 casos de abuso sexual no metrô paulistano, oito homens foram presos por causa de tal crime.
Em reportagem veiculada em programa televisivo, Adriana Barbosa, vítima de abuso sexual no metrô de São Paulo, relatou o ocorrido: o homem a seguiu e, dentro do vagão, a encurralou e a apalpou em suas partes íntimas. Quando as portas do vagão se abriram, Adriana começou a gritar e os seguranças conseguiram prender o abusador.
De acordo com a reportagem, dos 26 homens que foram presos acusados de assediar sexualmente de mulheres, apenas um permanece preso.
As denúncias e reportagens sobre assédios sexuais no transporte público fizeram com que a presidenta Dilma Rousseff utilizasse o seu perfil no Twitter para pedir às mulheres que não tenham medo e denunciem tais casos.
“A ação de criminosos que assediam e abusam de mulheres em ônibus, trens e metrôs envergonha a nossa sociedade. Venho pedir às vítimas que não se intimidem em denunciar. E às polícias que não se omitam em combater a prática. O Brasil de hoje não comporta mais qualquer tipo de violência contra a mulher”, declarou.
Outra reação foi realizada pelo coletivo feminista Mulheres em Luta, que no dia 4 de abril distribuíram alfinetes para que as mulheres utilizassem contra os “encostadores” do metrô.
O kit de defesa continha, além do objeto pontiagudo, a mensagem lema da campanha: “Não me encosta que eu não te furo”. As organizadoras do ato alegaram que a ação visava dar o “mínimo de condições para que as mulheres se protejam em casos de abuso”.
A punição resolve?
Nas várias reportagens veiculadas, especialistas no assunto disseram que a lei para os casos de assédio sexual necessita de um flagrante. Quando não há, as vítimas precisam de testemunhas para levar o caso à frente. Do outro lado, as vítimas afirmam serem desencorajadas, quando vão à delegacia, a levar a denúncia adiante.
Elas são informadas de que “não vai dar em nada”. Além de pertencer à nossa cultura machista, tal orientação faz com que milhares de mulheres vítimas de assédio sexual se calem, o que tornam os registros da violência imprecisos.
É óbvio que as leis devem ser mais rígidas para casos como esses, mas devemos levantar a seguinte questão: apenas focar na centralidade de um regime punitivo vai resolver a questão do assédio sexual do qual são vítimas as mulheres nos espaços públicos? Podemos encaminhar a nossa resposta a partir do exemplo da Lei Maria da Penha.
Promulgada em 2006, a lei registrou um aumento de 600% de denúncias feitas por mulheres por causa de violência física e sexual, de acordo com dados do Disque 100 do governo federal.
No entanto, infelizmente a divulgação da lei e os inúmeros dispositivos judiciais para ajudar às vítimas não colaboraram para o retrocesso do registro do número de casos de violência contra a mulher.
Pelo contrário: a cada cinco minutos, uma mulher é vítima de violência física, de acordo com o Mapa da Violência 2012 – Homicídio de mulheres no Brasil.
Um novo projeto de sociedade
Para além de uma radicalização do sistema punitivo, é necessário pensar na estrutura que promova esses dados macabros sobre violência contra as mulheres.

Enquanto a questão ficar centrada no âmbito jurídico/punitivo, pouco ou nada vai mudar.
É necessário pensar mecanismos que desmontem o paradigma patriarcal e machista predominante na estrutura familiar e escolar.
Sim, o projeto pedagógico vigente no Brasil é todo ancorado em valores familistas e reprodutores, que enxergam a mulher não enquanto sujeito, mas como máquina de fazer filhos.
Assim, alimenta-se que toda mulher está disponível para homens, sendo seu corpo um espaço público.
Eis aí a importância da chamada feminista: “Nossos corpos, nossas regras”.
Neste momento em que o debate está posto, ocorre no Congresso Nacional uma discussão de suma importância à construção de novas mentalidades no Brasil.
O Plano Nacional de Educação (PNE), com metas que deveriam estar vigente de 2010 a 2020, traz em sua base estrutural a erradicação de todas as formas de preconceito (sexual, de gênero, racial e de orientação sexual). Ou seja, se aprovado, a erradicação do preconceito de gênero vai passar a fazer parte da grade curricular da educação brasileira, um avanço fundamental de combate ao machismo e ao sexismo.
Quando adolescentes entram em contato com uma pedagogia que visa desconstruir velhos preconceitos, novos sujeitos daí surgirão. Porém, como tudo aquilo que visa derrubar o sistema patriarcal, o PNE 2014 desencadeou uma guerra entre setores progressistas e fundamentalistas e corre risco de ser desfigurado.
Além de um novo projeto pedagógico, uma sociedade não sexista também pressupõe outra comunicação, principalmente quando pensamos nas telenovelas, em que o destino das personagens femininas é sempre a maternidade, reforçando a velha ideia de que mulheres só são plenas quando casadas e mães.
Pressupõe que as mulheres ocupem o espaço legislativo (elas são 9% no Congresso Nacional); que superemos o conceito de gênero e sua divisão positivista; que a ideia de profissão masculina e feminina seja banida e assim sucessivamente…
Para que a ideia masculina segundo a qual o corpo da mulher é um espaço público seja superada, é necessário invertemos (destruir?) toda a lógica na qual estamos inseridas, em que tudo aquilo que se aproxima do feminino é tratado como abjeto (vide homens afeminados, travestis e transexuais).
E aí vale a pena resgatar a nossa velha amiga Simone de Beauvoir.
Em 1947, em seu livro O Segundo Sexo, ela afirma que as mulheres não existem e não passam de uma construção social a partir do prisma masculinista.
O conceito de mulher e de homem são dois instrumentos políticos de poder que atua sob os corpos a partir de seus órgãos genitais e, a partir daí, define os papéis de gênero na sociedade ocidental.

Esse percurso final pode parecer um tanto absurdo e radical, mas não é. Absurdo e diabólico é o cotidiano das mulheres abusadas dentro do metrô e no transporte público como um todo (sem contar os outros espaços públicos). Este sim deve ser um incômodo constante contra o qual devemos lutar para que seja eliminado. A libertação da mulher é também a libertação de todo o resto da sociedade.

*Carla Cristina Garcia é doutora em Ciências Sociais e professora do Departamento de Sociologia da PUC-SP

segunda-feira, 6 de março de 2017

Aviso da lua que menstrua...

Aviso da lua que menstrua
Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
  julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
Autora: Elisa Lucinda

sábado, 4 de março de 2017

É fácil escrever

As dificuldades na escrita é fato no cotidiano escolar, e para tanto, pensei em viabilizar uma situação diferenciada para aqueles alunos que tinham dificuldade na escrita e aversão na aula de produção textual quando era para produzir, pensei em facilitar sem sair do contexto que é preciso para desenvolver a fluência na escrita. Observe como fica mais fácil para quem nunca conseguiu produzir. E pode desenvolver qualquer tema.

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija as partes do texto: introdução, a partir da introdução faça dois tópicos de desenvolvimento e por último produza a conclusão, lembrando que na conclusão você precisará trazer uma proposta de solução para a problemática.  Respeita a estrutura do texto, margens direita e esquerda, como também, o espaçamento dos parágrafos.

1º parágrafo de introdução


1.        

2.        

3.        

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Desenvolvimento
1º tópico (a partir da ideia da introdução faça dois tópicos de um futuro parágrafo de desenvolvimento, ou seja, não mais do que duas linha para esse primeiro tópico, lembrando que precisa retirar das ideias que trouxe na introdução)

7.        

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2º tópico (a partir da ideia da introdução faça dois tópicos de um futuro parágrafo de desenvolvimento, ou seja, não mais do que duas linha para esse primeiro tópico, lembrando que precisa retirar das ideias que trouxe na introdução)

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10.    


Conclusão
Feche o pensamento trazendo uma proposta de intervenção para a solução parcial ou total da problemática, lembrando de respeitar os direitos humanos e respeitando o ser humano de modo geral.


11.    

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13.    

domingo, 26 de fevereiro de 2017

A reforma do ensino médio

13 respostas sobre o Novo Ensino Médio

Saiba por que a reforma está acontecendo, quais disciplinas permanecem obrigatórias, quando a mudança começará e mais


A reforma do Ensino Médio foi sancionada no dia 16 de fevereiro, mas, desde que a proposta foi apresentada pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Educação Mendonça Filho, em setembro de 2016, ela tem gerado confusão. De lá para cá, surgiram muitas dúvidas sobre o que, de fato, ficou definido pelo texto ea partir de quando as mudanças vão começar1) Quais disciplinas serão obrigatórias?Apenas Matemática, Língua Portuguesa e Língua Inglesa serão obrigatórias para todos os alunos durante os três anos do Ensino Médio. No caso das comunidades indígenas, também fica garantido o ensino nas línguas maternas. 
2) E Filosofia, Sociologia, Arte e Educação Física, não serão obrigatórias?Serão, mas elas não necessariamente estarão contempladas como disciplinas na grade. O que fica definido é que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, que ainda está sendo discutida e será responsável por 60% do currículo da etapa, incluirá obrigatoriamente conteúdos dessas quatro áreas nas aulas dos alunos dessa etapa. No entanto, esses conteúdos podem ser apenas temas transversais ou objeto de estudo dentro de outra disciplina específica. No caso de Educação Física, a prática será facultativa.
3) Por que as outras disciplinas não são obrigatórias, como Português, Matemática e Inglês?A proposta da reforma do Ensino Médio é flexibilizar o currículo. Para isso, será preciso abrir espaço na grade curricular e rever as 13 disciplinas que atualmente a compõem. Assim, é necessário aguardar a homologação da BNCC para saber quais serão os conhecimentos considerados mínimos obrigatórios para todos os estudantes brasileiros da etapa e pensar em como organizá-los. Estabeleceu-se que 60% do currículo dos três anos do Ensino Médio será definido pela Base e os outros 40% serão flexíveis, de acordo com o contexto e necessidades locais. O fato de determinadas disciplinas não estarem descritas na reforma aprovada, como História, Biologia e Física, não significa que elas deixarão de existir.
4) O que acontece com a disciplina de Língua Espanhola?Se quiserem e tiverem condições, as redes de ensino poderão ofertar outras línguas estrangeiras além da Língua Inglesa, que é obrigatória. Entre elas, está a Língua Espanhola, que é, inclusive, a segunda língua estrangeira recomendada pelo Ministério da Educação (MEC).
5) O que são os itinerários formativos?A flexibilidade do currículo proposta pela reforma do Ensino Médio também implica que os alunos terão a oportunidade de escolher em qual área do conhecimento desejam se aprofundar. No texto aprovado do Senado, ficaram definidos cinco itinerários formativos possíveis: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional. Porém, as escolas não são obrigadas a oferecer todos os percursos, nem disponibilizar a escolha de aprofundamento logo no 1º ano. Elas poderão escolher o que vão ofertar de acordo com a relevância para o contexto local e as possibilidades das redes de ensino a qual pertencem. Caso uma unidade educacional ofereça mais de um percurso, o estudante poderá optar por mais de um.
6) Qualquer pessoa poderá dar aula no Ensino Médio?Não. Para lecionar em disciplinas como Português e Matemática, por exemplo, os profissionais precisam ter formação específica na área, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Os profissionais com notório saber reconhecido pela rede de ensino serão aceitos somente no itinerário de Formação Técnica e Profissional para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional. Essas pessoas precisarão, ainda, atestar que são graduadas na área em que vão lecionar e comprovar já ter tido experiências de ensinar em escolas públicas, privadas ou em empresas ou ter feito uma complementação pedagógica.
7) As mudanças passam a valer agora mesmo?Não. Apesar de já entrar em vigor com a sanção, o processo de implementação do novo modelo é complexo e deve levar cerca de quatro anos para chegar às salas de aula.
8) Por que a reforma vai demorar para ser implantada?A implantação depende principalmente da finalização das discussões sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)do Ensino Médio, que só voltará a ser discutida em março.Depois da aprovação da BNCC, ainda será preciso adequar os currículos, formar os professores e rever todo o material didático, o que deve demorar quatro anos.
9) A reforma vale para as escolas públicas e privadas?Sim. Tanto a reforma quanto as novas diretrizes curriculares que serão definidas pela BNCC são obrigatórias para todas as escolas do país.


10) Por que reformar o Ensino Médio?De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado com base nos resultados de avaliações externas e taxas de evasão, estão estagnados em um patamar muito baixo de desempenho desde 2011. Os resultados ruins do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), publicados enquanto o tema já estava em discussão no Congresso, também serviram para justificar a necessidade de mudança. Além disso, questões como o alto índice de evasão, falta de identificação da juventude com a atual estrutura do Ensino Médio e necessidade de flexibilização do currículo foram apontados como disparadores da reforma.
11) O que acontece com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) com essa mudança?Todas as avaliações externas devem ser revistas e sofrer alterações a partir do que for definido pela reformulação da Base Curricular do Ensino Médio.As alterações do Enem já estão sendo debatidas pelo MEC, que lançou uma consulta pública para saber se o exame deve ser realizado em um ou dois dias, qual deve ser o formato e se a aplicação deve ser eletrônica. Ainda não há definições sobre as alterações.  
12) Todas as escolas de Ensino Médio serão em tempo integral?Não. A carga horária obrigatória atual dessa etapa de ensino é de 800 horas anuais (ou 4 horas diárias) cumpridas ao longo dos 200 dias letivos. A reforma prevê que, em até 5 anos, todas as escolas brasileiras aumentem a carga diária em uma hora, ou seja, serão, pelo menos, 1.000 horas anuais ou 5 horas de aulas por dia. Essa já é a realidade de escolas de São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina. No entanto, para ser considerado ensino em tempo integral, o tempo mínimo diário é de 7 horas ou 1400 horas anuais.
13) As escolas receberão ajuda financeira para aumentar a carga horária para tempo integral?Para estimular que mais unidades ofereçam 7 horas diárias, a reforma criou o Programa de Fomento ao Ensino Médio em Tempo Integral, que prevê o envio de mais 2 mil reais por aluno por ano para auxiliar no aumento da carga.
Fonte Nova Escola 10/02/2017

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Uma boa reflexão...

O aluno perfeito

Ele se chamava Memorioso, pois seus pais julgavam que a memória perfeita é essencial para uma boa educação



Rubem Alves

ERA UMA vez um jovem casal que estava muito feliz. Ela estava grávida, e eles esperavam com grande ansiedade o filho que iria nascer.
Transcorridos os nove meses de gravidez, ele nasceu. Ela deu à luz um lindo computador! Que felicidade ter um computador como filho! Era o filho que desejavam ter! Por isso eles haviam rezado muito durante toda a gravidez, chegando mesmo a fazer promessas.
O batizado foi uma festança. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização. Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.
E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo que os professores ensinavam. Mas tudo mesmo. E não reclamava. Seus companheiros reclamavam, diziam que aquelas coisas que lhes eram ensinadas não faziam sentido. Suas inteligências recusavam-se a aprender. Tiravam notas ruins. Ficavam de recuperação.
Isso não acontecia com Memorioso. Ele memorizava com a mesma facilidade a maneira de extrair raiz quadrada, reações químicas, fórmulas de física, acidentes geográficos, populações de países longínquos, datas de eventos históricos, nomes de reis, imperadores, revolucionários, santos, escritores, descobridores, cientistas, palavras novas, regras de gramática, livros inteiros, línguas estrangeiras. Sabia de cor todas as informações sobre o mundo cultural.
A memória de Memorioso era igual à do personagem do Jorge Luis Borges de nome Funes. Só tirava dez, o que era motivo de grande orgulho para os seus pais. E os outros casais, pais e mães dos colegas de Memorioso, morriam de inveja. Quando filhos chegavam em casa trazendo boletins com notas em vermelho eles gritavam: "por que você não é como o Memorioso?"
Memorioso foi o primeiro no vestibular. O cursinho que ele freqüentara publicou sua fotografia em outdoors. Apareceu na televisão como exemplo a ser seguido por todos os jovens. Na universidade, foi a mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura. Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Ganhou medalhas e mesmo uma bolsa para doutoramento no MIT.
Depois da cerimônia acadêmica foi a festa. E estavam todos felizes no jantar quando uma moça se aproximou de Memorioso e se apresentou: "Sou repórter. Posso lhe fazer uma pergunta?" "Pode fazer", disse Memorioso confiante. Sua memória continha todas as respostas.
Aí ela falou: "De tudo o que você memorizou qual foi aquilo que você mais amou? Que mais prazer lhe deu?"
Memorioso ficou mudo. Os circuitos de sua memória funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas aquilo não lhe fora ensinado. Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu. E, de repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua cabeça, enquanto fumaça saia por suas orelhas. Memorioso primeiro travou. Deixou de responder a estímulos. Depois apagou, entrou em coma. Levado às pressas para o hospital de computadores, verificaram que seu disco rígido estava irreparavelmente danificado.
Há perguntas para as quais a memória não tem respostas . É que tais respostas não se encontram na memória. Encontram-se no coração, onde mora a emoção...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O marceneiro e as ferramentas

 O Marceneiro e as Ferramentas


    Contam que em uma marcenaria houve uma estranha assembléia.
    Foi uma reunião, onde as ferramentas juntaram-se para acertar suas diferenças.
    Um martelo estava exercendo a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.
    A causa?
    Fazia demasiado barulho e além do mais passava todo tempo golpeando.
    O martelo aceitou sua culpa, maspediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.
    Diante do ataque o parafuso concordou, mas por sua vez pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
    A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
    Nesse momento entrou o marceneiro, juntou todos e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
    Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
    Quando a marcenaria ficou novamente sem ninguém,  a assembléia reativou a discussão.
    Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:
    - Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas qualidades, ressaltando nossos pontos valiosos.
  Assim, não pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nosso pontos fortes.
    Então a assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar e afinar asperezas e ometro era preciso e exato.
    Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade e uma grande alegria tomou conta de todos pela oportunidade de trabalhar juntos.

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