segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

As diferenças sociolinguísticas...


As diferenças sociolinguísticas
Andréa Gláucia de Souza



Os brasileiros ditos letrados são exatamente aqueles que têm um poder aquisitivo médio a alto e que desvalorizam qualquer que seja os pertencentes a classes sociais inferiores à sua. Isso mostra que o aspecto econômico ainda é preponderante, num país em que a riqueza de cultura é imensa, e que possui riquezas em detalhes, tanto de linguagem quanto de expressão. Muitas vezes são os iletrados que fazem a cultura crescer no Brasil, sem apoio financeiro ou educacional, deixando o país mais vivo.

O ensino de Língua Portuguesa tem sido muito discutido, não só no âmbito educacional, mas também na sociedade como um todo, porque é através dela que se consegue o domínio da leitura e escrita, possibilitando um entendimento intelectual e de vida. Os(as) alunos(as) que estão saindo das escolas têm estas deficiências graves relacionados ao português, na maioria das vezes decoram regras sem contexto algum e quando precisam produzir textos ou mesmo ler não sabem como fazê-lo e, por conseguinte, tem-se uma sociedade iletrada.

Este ensino é visto de forma complicada tanto pelos alunos(as) quanto pelos professores que de certa forma dificultam o aprendizado destes alunos(as). O fracasso escolar está relacionado com o processo de aprendizagem, pois o(a) aluno(a) bem alfabetizado chegará com melhor desempenho nas séries seguintes, ou seja, o(a) aluno(a) letrado tem maiores possibilidades de sucesso em outras disciplinas, irá ler bem e entender o que foi lido, deixando a sociedade mais “descomplicada” em relação à língua que utiliza e com maior senso crítico do que está sendo dito no mundo. 

A dificuldade de escrever o que está pensando ou falando é justamente de adequar a oralidade à norma culta, que é vista nas escolas separadamente sem contextualizá-las, ditando e fazendo com que o(a) aluno(a) decore regras gramaticais sem critério algum. Sem considerar que o(a) aluno(a) tem o seu repertório lingüístico próprio do meio em que vive, seus conhecimentos prévios que poderiam ser usados para o entendimento e aprendizado dele. Por isso, a sociolingüística vem para descomplicar o ensino de Língua Portuguesa.

Adentrar no mundo do(a) aluno(a) com uma linguagem mais simples é tentar ficar mais perto dele possibilitando um melhor aproveitamento do conteúdo, um relacionamento mais próximo e harmônico. Isso não quer dizer que esse professor(a) vai deixar de ensinar que a escrita é diferente da oralidade e que é preciso aprender regras para conseguir escrever bem, mas também não vai desvalorizar a linguagem e os dizeres do cotidiano do seu aluno.



As ações



...“Encontramos ações educativas que representam um progresso na forma de introduzir os brasileiros à cultura letrada, respeitando-lhe os antecedentes sociolinguísticos e culturais.” (BORTONI-RICARDO).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Clarice é Clarice...

Tenho cabeça, coração e me respeito. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje, amanhã já me reinventei. Sou complexa, sou mistura. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos.
                                                                                                                     Clarice Lispector

Quem conta um conto...



DONA LICINHA




   A

 senhora não me conhece. Faz tanto tempo e me lembro de detalhes do seu jeito, sua voz, seu penteado e roupas... A senhora ensinava na 3ª série B e eu era aluna da 3ª série C no Grupo Escolar do Tatuapé... Passava no corredor fazendo figa para mudar de classe, pra minha professora viajar e nunca mais voltar, pra diretora implicar e me mandar pra 3ª B... Nunca tive tanta inveja na minha como tive das crianças da série B...
            Lembro que na sua sala se ouviam risadas quase o tempo todo. Maior gostosura! De vez em quando, um enorme silêncio quebrado por uma voz suave... era hora de contar histórias. Suspirando, eu grudava na janela e escutava o que podia... Também muitos piques e hurras, brincadeiras correndo solto. Esconde-esconde, telefone-sem-fio, campeonato de Geografia. Tanto fazia a aprontação inventada. Importava era sentir a redonda contenteza dos alunos.
            A sua sala era colorida com desenhos das crianças, um painel com recortes de revistas e jornais, figurinhas bailando em fios pendurados, mapas e fotos... Uma lindeza em fios rodopiante mudada toda semana! Vi pela janela seus alunos fantasiados, pintados, emperucados, representando cenas da História do Brasil! Maior maravilhamento! Demorei, entendi. Quem nunca entendeu foi a minha professora... Seu segredo era ensinar brincando. Na descoberta! Na contenteza!
            Nunca ouvi berros, um “cala boca”, “aqui quem manda sou eu” e outras mansidões que a minha professora dizia sem cansar. Não escutei ameaças de provas de supetão, castigos, dobro da lição de casa, chamar a diretora, com que a minha professora me aterrorizava o tempo todo...
            Dona Licinha, eu quis tanto ser sua aluna quando fiz a 3ª série. Não fui... Hoje, tanto tempo depois, sou professora. Também duma 3ª série. Agora sou sua colega... Só não esqueço que queria estar na sua classe, seguir suas aulas risonhas, sem cobranças, sem chateações, sem forças barras, sem fazer engolir o desinteressante. Numa sala colorida, iluminada, brilhante. Também quero ser uma professora assim. Do seu jeito abraçante.
            Hoje, vi uma garotinha me espiando pela janela. Arrepiei. Senti que estava chegando num jeito legal de estar numa sala de aula... Por isso resolvi escrever para a senhora. Vontadona engolida por décadas. Tinha que dizer que continuo querendo muito ser aluna da dona Licinha. Agora, aluna de como ser professora. Fazendo meus alunos viverem surpresas inventivas. Um abraço apertado, cheinho de gostosuras, da Ciça.

Conto de Fanny Abramovich. Nova Escola

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Vamos pensar!!!!!!!!!!



Um aparente paradoxo

            Uma reportagem desta edição de Veja se detém diante de um aparente paradoxo. Apesar de o Brasil ocupar apenas a 130º posição no ranking anual Doeing Business, que classifica 185 países por seu bom ambiente de negócios – o que nos deixa nas imediações de Uganda, Etiópia e Quênia – somos o sexto maior receptor de investimentos estrangeiros do mundo. Com 60 bilhões de dólares estimados para o fim de 2012, o país fica atrás somente de China, Estados Unidos, Hong Kong, França e Reino Unido. Como se explica a coexistência de fenômenos tão díspares no Brasil?
            O primeiro impulso é concluir que os investidores estão mal informados sobre a insanidade burocrática, o labirinto fiscal, a ingerência exagerada do governo na economia e a fúria legiferante, realidades que nos equiparam aos países mais hostis à atividade produtiva. Não. Os investidores sabem muito bem as dificuldades de se estabelecerem no Brasil. A conclusão correta é que vêm para cá apesar de todos os obstáculos.
            O Brasil tem o agronegócio exportador mais produtivo do mundo, tem minério, petróleo, mas, principalmente, tem um grande mercado interno, que agregou no decorrer da última década 40 milhões de novos e ávidos consumidores. Eles são a garantia de demanda aquecida. O governo não perde uma chance de reafirmar que, para ter acesso sem barreiras aos consumidores brasileiros, é preciso fabricar no Brasil. Por isso, mais de 40% dos dólares investidos no país miram o mercado consumidor de produtos ou serviços. Seguindo o caminho da Peugeot Citroën, Toyota, Honda e Hyndai, a alemã BMW anunciou na semana passada que vai erguer uma fábrica em Araquari, no norte de Santa Catarina. O entrevistado das Páginas Amarelas desta edição, Edson de Godoy Bueno, da Amil, é o exemplo mais recente no setor de saúde. Ele vendeu parte de sua empresa a um grupo americano por mais de 6 bilhões de reais.
            Com tanta coisa a favor, é de imaginar o salto de qualidade de vida que o Brasil daria a sua população se capinasse a selva burocrática, racionalizasse a cobrança de impostos e incinerasse as resmas de leis inaplicáveis ou inúteis. Mudaria de patamar econômico. Livre desses entraves à atividade produtiva,o Brasil certamente sairia do último vagão dos países de ambiente empresarial inóspito para disputar um lugar de locomotiva.
(Revista Veja, 31 de outubro de 2012)
1 – Qual a ideia principal do texto?
2 – Na última oração do 1º parágrafo a palavra ‘díspares’ poderia ser substituída por ‘iguais’ sem mudança no sentido? Justifique sua resposta.
3 – Quais os argumentos que foram usados no texto para fundamentar as ideias?
4 – Qual o gênero do texto? Marque a alternativa correta e justifique sua resposta.
a)     Um conto;
b)     Uma dissertação-argumentativa;
c)      Uma entrevista;
d)     Uma carta argumentativa;
e)     Uma fábula.
5 – quais as características do gênero escolhido na questão anterior?
6 – Qual a finalidade desse gênero?
7 – No 3º parágrafo na linha 5 o conectivo ‘por isso’ poderia ser substituído por ‘para que’ sem perder o sentido? Justifique.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Vamos saber mais...



MOVIMENTO NEGRO
Uma das formas que as pessoas encontram para fazerem valer os seus direitos é a organização da população em movimento sociais. Quando a população se organiza e cria diversas formas de reivindicar os seus direitos como, por exemplo, exigir dos governantes mais escola de qualidade e melhores condições de vida, dizemos que a população está exercendo a cidadania.
As populações negras e seus descendentes tiveram que fazer isso para serem reconhecidos os seus direitos. Muitos são os movimentos liderados por grupos presentes em toda a história do Brasil. Você viu a revolta do Quilombo dos Palmares como exemplo da resistência negra contra a escravidão.
O vinte de novembro, celebrado hoje como o Dia Nacional da Consciência Negra, foi organizado pelo Movimento Negro Unificado, em 1978. A data não foi escolhida ao acaso, e sim em homenagem a Zumbi, líder maior do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra.
Como o Quilombo dos Palmares, centenas de movimentos negros se espalharam pelo país. Desde as fugas para os quilombos e a luta pela abolição da escravatura, até os dias de hoje, os movimentos negros ao lado de outros movimentos sociais têm como objetivo lutar pela justiça social e pelos direitos das populações discriminadas pela desigualdade.
Principais Reivindicações: “Nós, membros da população negra brasileira, entendendo como negro todo aquele que possui na cor da pele, no rosto ou nos cabelos sinais característicos dessa raça, resolvemos juntar nossas forças e lutar por:
·         Defesa do povo negro em todos os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais;
·         Maiores oportunidades de emprego;
·         Melhor assistência à saúde, à educação e à habitação;
·         Reavaliação do papel do negro na História do Brasil;
·         Valorização da cultura negra e combate sistemático à sua comercialização, à folclorização e à distorção;
·         Extinção de todas as formas de perseguição, exploração, repressão e violência a que somos submetidos;
·         Liberdade de organização e de expressão do povo negro.”
Graças aos movimentos negros, muita coisa já mudou e várias conquistas sociais ocorreram nas comunidades negras. Entretanto, a luta é difícil e precisa de muita organização para enfrentar aqueles que se acham donos do poder e nele querem se perpetuar.
Entre as bandeiras dos movimentos negros, está a questão da terra, da moradia, da escola e da conquista dos espaços nas universidades, participação em cargos públicos e o reconhecimento do cidadão negro.
Os movimentos negros veem no 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, uma farsa. A Lei Áurea tem esse nome por ser a mais importante lei abolicionista na visão das elites. Esta Lei aboliu, oficialmente, a escravidão, mas pode ser considerada uma farsa porque não trouxe nenhuma proteção ao ex-escravo nem políticas públicas que lhe possibilitassem condições de vida.
Por isso, os movimentos negros preferem comemorar o dia 20 de novembro, considerado por eles como o Dia da Consciência Negra. A abolição ainda é um sonho que está sendo conquistado todos os dias, nas lutas e nos movimentos afro-brasileiros.

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